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A despeito da erudição implícita da sua 'Prefação', os Contos Populares Portugueses de Adolfo Coelho apresentam-se talvez, a um olhar desprevenido, com débil aparência. Como ele próprio assinala, « em regra, pode considerar-se a tradição dos contos entre nós como assaz obliterada; falta-lhes vida, poesia, muitas feições significativas em versões doutros países tornaram-se aqui ininteligíveis e só pela comparação se explicam.
A sua forma em geral é seca, monótona, enumerativa... » . Donde vem, pois, para lá de um tal juízo, a importância fundamental desta obra, diria mesmo o seu fascínio imperecível? Para respondermos à pergunta assim formulada, teremos de situar estes Contos não só na relação que apresenta com a obra global do seu Autor, como expressão da ciência da sua época e dos objectivos essenciais do seu labor de pioneiro, mas mesmo numa perspectiva geral da cultura literária portuguesa.
E é isso que tentamos fazer nas linhas que seguem.