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"O Corvo de Triciclo e a Estrela do Mar Bipolar" é uma coletânea poética que sintetiza a ousadia e a originalidade de Elisário Urbino, um dos mais enigmáticos poetas portugueses do período pós-surrealista. Sua obra, escrita entre 1940 e 1975, transcende as convenções literárias, mergulhando em um universo de absurdos e rupturas, onde a lógica é continuamente desafiada e desconstruída. Urbino construiu uma poética que flerta com o caos e a fragmentação, utilizando a ironia e o absurdo para criticar as normas estéticas e sociais de sua época.
Neste livro, Urbino apresenta uma tapeçaria de imagens e figuras que perturbam e encantam em igual medida. O corvo infantilizado em seu triciclo e a estrela-do-mar bipolar são metáforas centrais que refletem a dualidade de sua obra: a destruição das fronteiras entre o sublime e o grotesco, o profundo e o trivial. Suas palavras ressoam com uma musicalidade dissonante, ecoando o espírito do neo-expressionismo, onde a intensidade emocional e a deformação estética substituem a clareza racional.
Urbino brinca com a linguagem de forma intuitiva, quase como uma pintura abstrata, onde o significado escapa por entre os dedos do leitor. Como um expoente do pós-surrealismo, Urbino vai além dos paradigmas estabelecidos pelo movimento, levando suas experimentações para novos terrenos. Ele transita por um labirinto de onirismo perturbador, simbolismo desconcertante e uma rebeldia contracultural. A ruptura com o senso comum é evidente em cada verso, onde o absurdo reina soberano, subvertendo qualquer tentativa de interpretação linear.
A coerência é intencionalmente estilhaçada em prol de uma experiência poética que apela mais ao inconsciente do que à razão."O Corvo de Triciclo e a Estrela do Mar Bipolar" é uma obra que exige entrega, um salto no vazio que redefine as noções de poesia e de linguagem. Urbino desafia o leitor a abandonar as amarras do pensamento lógico e abraçar a fluidez dos sonhos e das visões, onde o impossível se torna real e o real, uma farsa.
Essa é a marca inconfundível de sua obra: a capacidade de transformar o ordinário em extraordinário e o absurdo em uma nova forma de verdade.